A casinha que adquirimos na sequência da obtenção do 2º prémio do Concurso Brigadas Verdes já está na horta biológica e social da nossa escola.
Um grupo de idosos da Santa Casa da Misericórdia são utentes da horta biológica da nossa escola, assim como uma encarregada de educação.
Primeira vinda dos idosos à horta, sendo recebidos por elementos da Direcção da escola.
Encarregada de Educação a cuidar do seu canteiro.
Consultem o seguinte blog:
http://mesclaesvv.blogspot.com/
Também produziram um jornal em papel, que publicaram no final do ano lectivo.
Podem aqui aceder ao videoclip vencedor do Concurso Esmiuçar Copenhaga:
http://www.youtube.com/watch?v=TEIU_WLbjac&feature=player_embedded
Somos o grupo que criámos o canteiro de plantas medicinais- PLANTEMED,o espantalho Micas, o Banco de Germoplasma Vegetal (Arca de Noé Verde) e o Herbário das Plantas da escola.
Temos um video que apela à união para a mudança de atitudes e comportamentos, em prol do ambiente.
Este ano candidatámo-nos novamente ao projecto Escola Electrão e conseguimos obter cerca de três toneladas de REEE.
Na nossa escola permanecem os pontos electrão para a sensibilização da comunidade para a reciclagem deste tipo de resíduos.
Os alunos do 12º C, E e F e os alunos do 8º ano elaboraram, respectivamente, as frases e o poster para o nosso eco código. Tivemos a colaboração do professor de Educação Visual, Dr Camelo.
Os alunos de Área de Projecto do 12º C construiram espantalhos para a nossa horta biológica e pedagógica.
"A questão ética fundamental do nosso tempo consiste no repensar dos fundamentos das múltiplas formas de agir capaz de enfrentar a carência de uma medida, de um equilíbrio para perigosa desmesura do nosso poder, que se tornou uma ameaça para a Humanidade e para a biosfera.
Nessa questão está em jogo não só a existência física, mas também a identidade da nossa própria imagem como seres racionais. "
Soromenho-Marques (1998:145)
Na década de 60, começaram as discussões sobre os riscos da degradação do ambiente. O livro Primavera Silenciosa, da bióloga Rachel Carson publicado em 1962, despoletou intensos debates a nível global sobre o ambiente. Um outro contributo importante para este tipo de discussões ocorreu, em 1968, em Paris, com a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, denominada Conferência da Biosfera, cuja organização foi da competência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Neste ano foi criado o Clube de Roma, cujas pretensões eram discutir e analisar os limites do crescimento económico, considerando o uso crescente de recursos naturais. Esta associação informal de individualidades considerou que os maiores problemas com que a humanidade se deparava eram a industrialização acelerada, o rápido crescimento demográfico, a escassez de alimentos, a depleção de recursos não renováveis, a degradação do ambiente.
Os problemas ambientais tornaram-se referências diárias, a partir dos anos 70 com principal enfoque na década de 80. São várias as notícias de desastres ambientais que começam a ter impacto na sociedade. O acidente na Central Nuclear de Chernobyl, a intoxicação de milhares de pessoas por mercúrio lançado na Baía de Minamata, no Japão, o “buraco” da camada de ozono, a contaminação das águas e dos solos devido aos resíduos sólidos, o desastre de contaminação de Love Canal, nos EUA, os alimentos perigosos, os derrames de petróleo, as chuvas ácidas, entre outros, são exemplos de notícias que chamaram atenção para os problemas ambientais. Acresce ainda referir que nos anos 70 ocorreram as primeiras crises petrolíferas. Estas constituíram um alerta para a dependência da humanidade de um recurso finito e sujeito a interesses políticos.
A nível internacional houve esforços no sentido de encontrar soluções para as questões ambientais, sendo realizadas cimeiras, conferências, onde foram elaboradas cartas, declarações, relatórios, agendas, planos de acção e onde se assumiram compromissos (fig.1). Nestas conferências e cimeiras ocorre a formalização e génese de conceitos como Educação Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Sustentável, tendo sido, também definidos os seus princípios.
Figura 1- Segundo Gomes (2010)[1], marcos importantes para a EA e EDS, bem como surgimento do Programa Eco-Escolas a nível internacional.
Segundo Palmer (1998), o conceito de Educação Ambiental (EA) nasce em 1948, no entanto é na Conferência de Estocolmo que a EA é considerada uma estratégia básica de combate à crise do ambiente. Com o Relatório Brundtland nasce o termo Desenvolvimento Sustentável e cada vez mais é realçado o papel importante da educação. Educação não apenas ambiental, mas Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Educação para a Sustentabilidade ou, como alguns autores preferem, Educação Ambiental para a Sustentabilidade. Da cimeira realizada em 1992, saem vários documentos, sendo de salientar, pela sua importância para a operacionalização do Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 21, um documento virado para o século XXI, com intervenção a nível local. Este documento no capítulo 36 º valoriza a educação para resolver problemas ambientais e concretizar o novo paradigma de Desenvolvimento Sustentável. Os elementos principais do DS já estavam incluídos nos princípios da EA definida na Conferência de Tbilissi. É depois da Eco 92 que o Programa Eco-Escolas tem a sua génese a nível internacional.
A Comissão da UNESCO, no nosso país, tem por missão implementar a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS). Esta comissão considerou que projectos e programas já existentes no nosso país podem ser um veículo para a concretização da DEDS. O Programa EE, implementado nas escolas portuguesas em 1996 é um dos projectos que se constitui como um contributo para a concretização da Agenda 21 Local e, por conseguinte, um meio de Educar para o DS.
Apesar de várias recomendações enviadas para as escolas para que implementem projectos de EA/EDS, estudos[2] indicam que no ensino básico (1º, 2º e 3º ciclos) existem mais projectos, enquanto, no ensino secundário o seu número é reduzido, sendo no ensino universitário vestigial. Situação, esta, que no futuro se pretende que seja alterada. Relativamente ao ensino secundário, as causas explicativas, deste facto, residem na indisponibilidade quer de alunos, quer de professores devido às dinâmicas internas próprias deste tipo de escolas, tais como: o grau de dificuldade dos programas, exames e testes intermédios nacionais para acesso ao ensino superior, excessiva carga horária, entre outras. Não obstante estes obstáculos, é possível concretizar projectos de EA/EDS ou EpS e a comprová-lo está a Escola Secundária de Vila Verde, que foi distinguida pela ABAE, como sendo uma eco-escola, tendo hasteada a sua Bandeira Verde. Este galardão mostra à comunidade que a Escola Secundária de Vila Verde apresentou boas práticas em termos ambientais. Para atingir este reconhecimento, houve um grande empenhamento por parte de vários elementos, desde alunos, professores e funcionários não docentes. É de louvar o Conselho Executivo da Escola que não se escusou a esforços com o objectivo de que conseguíssemos concretizar os objectivos do Plano de Acção do PEE.
Este Programa nasceu no seio da Associação Bandeira Azul da Europa –FEE, e pauta-se por:
- estimular actividades levadas a cabo, pela escola, no sentido da melhoria do seu desempenho ambiental, da gestão do espaço escolar, assim como, sensibilizar a comunidade
- desenvolver a participação pró-activa dos estudantes na tomada de decisões e na implementação de acções
- propiciar a mudança de atitudes e o assumir de comportamentos sustentáveis no dia-a-dia, tanto a nível individual, familiar, como comunitário.
- disponibilizar formação e apoio na implementação das actividades que as escolas se propõem concretizar aquando da elaboração do seu plano de acção.
- dar a conhecer as boas práticas e desenvolver trabalho em rede, quer a nível nacional, quer a nível internacional.
- estabelecer parcerias e sinergias com entidades e instituições locais
A metodologia deste Programa é baseada na Agenda 21, sendo 7 as etapas que a constituem: conselho eco-escolas; auditoria ambiental; plano de acção; monitorização/avaliação; trabalho curricular; divulgação à comunidade; eco-código.
Todas as Eco-Escolas devem, obrigatoriamente, abordar os temas-base: água, resíduos, energia. Como temas complementares, mencionam-se: biodiversidade, agricultura biológica, espaços exteriores, ruído e transportes ou outros. Em cada ano existe, além dos temas- base obrigatórios um outro tema(s), o tema do ano, também obrigatório.
Uma escola que pretenda ser reconhecida com a Bandeira Verde Eco-Escolas deverá apresentar na sua candidatura evidências de que seguiu a metodologia proposta; concretizou o seu plano de acção e realizou actividades no âmbito dos temas-base (água, resíduos e energia) e tema do ano. Ao terceiro ano de aplicação do Programa é feita uma auditoria externa à escola, por elementos da comissão nacional da ABAE
Este ano a nossa escola escolheu como tema-ano Alterações Climáticas/Floresta e para conseguirmos uma maior participação activa dos estudantes, alguns grupos de alunos de Área de Projecto do 12º ano desenvolveram as temáticas escolhidas, à excepção dos “Transportes”. Em alternativa a este tema foi escolhido o Voluntariado. Começámos a implementação do PEE, neste ano lectivo, pela divulgação do projecto à comunidade escolar e extra-escolar, foram eleitos os alunos para participarem no conselho eco-escolas, estabeleceram-se novas parcerias, um grupo de alunos do 12º ano procedeu à Auditoria Ambiental da escola e um outro ocupou-se de transformar a Horta Biológica e Pedagógica da escola, numa horta social. Atendendo à conjectura sócio-económica pela qual o nosso país está a passar, os alunos acharam por bem, introduzir a componente social e económica no PEE, abrindo, a horta da escola, à comunidade exterior. Seguindo esta linha de pensamento, um outro grupo de Área de Projecto do 12º ano, explorou o “Voluntariado” como uma forma de participação activa na sociedade, tendo promovido campanhas de recolha de bens, quer alimentares, quer outro tipo de bens que poderiam constituir resíduos e que foram distribuídos pelas famílias sinalizadas como mais carenciadas. Estas campanhas foram concretizadas no âmbito da parceria estabelecida com a autarquia, o Pelouro da Cultura. Dado o ano de 2010 ser considerado o Ano Internacional da Biodiversidade, os alunos considerando-se condóminos da Terra trabalharam a temática Biodiversidade, numa perspectiva de seres vivos, que somos como os demais e que partilhamos o mesmo condomínio, que é o nosso planeta, por forma a atingirmos o ideal de sustentabilidade. Ideal esse que se atinge subindo vários patamares: a democracia, a justiça, o direito à diferença e à inclusividade. Um outro grupo de alunos está a produzir mini-ecopontos, para as salas da escola, com novo design e utilizando materiais que iriam para reciclar. O Monte do Castelo está a ser alvo de estudo, por estudantes do 12º ano, no âmbito do projecto “Um Bosque perto de si”. Um protótipo de um carro solar está a ser desenvolvido por um grupo de estudantes do 12º ano, como um contributo para combater as alterações climáticas. À semelhança do ano anterior estamos a considerar vários indicadores relativamente aos temas- base e a outros temas: consumo de energia eléctrica, consumo de gás, consumo de água, quantidade de fotocópias, quantidade de ruído (decibéis) em vários espaços da escola, teor de dióxido de carbono nas salas de aula, quantidade de REEE e quantidade de resíduos produzidos semanalmente- nº de sacos de 150 litros.
Fizemos várias reuniões do conselho eco-escola, tendo havido um maior número de alunos a participarem, contudo deseja-se uma maior adesão a estas reuniões, quer pela comunidade escolar quer pela extra-escolar.
O plano de acção, que foi aprovado, no conselho eco-escola pode ser consultado na moodle na disciplina Programa Eco-Escolas. Lá podem ser consultadas todas as actividades, para além das já aludidas anteriormente, inclusive a participação no concurso Eco-Árvore de Natal promovido pela autarquia e pela eco-escola nossa parceira a EPATV. Neste concurso a escola obteve o 3º lugar, tendo, os alunos que mais participaram na feitura desta árvore, recebido uma pendrive.
Estamos a aproximar-nos do termo do ano lectivo e é altura de fazermos um balanço e avaliar as práticas ambientais desenvolvidas na escola. Perante a avaliação que será feita em conselho eco-escola proceder-se-á à candidatura ao Galardão Bandeira Verde. A obtenção deste galardão pela escola significa mais responsabilidade e contamos com todos os elementos da comunidade escolar para melhorarmos os indicadores de desempenho ambiental. Um aspecto, muito importante a ser tido em consideração para a melhoria destes indicadores, é toda a escola assumir o Programa Eco-Escolas como seu, como um contributo para a sustentabilidade, que propicia a gestão dos recursos. Este Programa é também um contributo para a educação para a cidadania. Uma escola de excelência é aquela que prima pela excelência dos resultados académicos dos seus estudantes e também pelas suas práticas e política ambientais.
Referências bibliográficas:
- ABAE (2010). Portal Programa Eco-Escolas. Consultado em 20 de Abril de 2010, no endereço: http://www.abae.pt/programa/EE/descricao.php
- GOMES, J. (2009) Programa Eco-Escolas- um contributo para a sua avaliação. Dissertação de Mestrado. Universidade Aberta.
- MARQUES, S.V. (1998). O Futuro Frágil, os desafios da crise global do ambiente. Lisboa: Publicações Europa-América. Mem Martins.
- PALMER , J. A. (1998). Environmental Education in the 21st Century, Teory, Pratice, Progress and Promise, Routledge, London
[1]O esquema foi apresentado na acção de Formação do Programa Eco-Escolas em Fevereiro de 2010 sobre a Qualidade do Programa Eco-Escolas.
[2] Em pesquisas recentes, verificou-se que os projectos de educação ambiental e para o desenvolvimento sustentável se concentram sobretudo nos primeiros graus de ensino, reduzindo-se substancialmente durante o ensino secundário e tornando-se residuais no caso do ensino superior Educação Ambiental:balanço e perspectivas. Lisboa: OBSERVA, 2005-2006.
Desde muito cedo, nos habituámos a lidar com os problemas que afectam o ambiente e a reconhecer a necessidade de o proteger. No entanto, a rotina apressada, os problemas do quotidiano e as preocupações pessoais acabam por preencher as nossas vidas, levando-nos a desprezar certos ensinamentos ambientais e a cometer verdadeiros crimes ecológicos, que afectam nitidamente o ambiente que nos rodeia e no qual nos inserimos. Em resultado desta despreocupação ambiental, o Planeta atravessa hoje uma das maiores crises existenciais de sempre, facto que gera uma instabilidade global e compromete o desenvolvimento e a manutenção da vida na Terra. Face a esta situação, torna-se urgente a alteração comportamental da sociedade, pois é necessário que esta se consciencialize dos principais problemas que afectam a Humanidade e se disponibilize na reconstrução do ambiente. Neste sentido e com o objectivo de colaborar nesta acção de Protecção Ambiental, nasce o Programa Eco-Escolas, o qual pretende encorajar boas práticas ambientais e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido por cada escola aderente, no âmbito da Educação Ambiental/Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Este projecto disponibiliza essencialmente metodologia, formação, materiais pedagógicos, apoio e enquadramento ao trabalho desenvolvido pela escola associada, tal como sucede com a Escola Secundária de Vila Verde. De facto, a nossa escola está atenta à realidade e consciente dos problemas que a afectam, procurando, por isso, conciliar a formação académica de cada aluno com a sua educação ambiental, enquanto base fundamental de integração social.
Na minha opinião, é notório e admirável o trabalho desenvolvido pela equipa Eco-Escolas da nossa Escola, que sempre procurou canalizar todos os esforços possíveis para a preservação ambiental da nossa área geográfica e promover a importância dos recursos naturais, através de uma série de actividades de caris ecológico, social e ambiental. Estas, para além de apelarem à consciencialização ambiental de toda a comunidade escolar, são também um estímulo à capacidade inventiva de cada participante (alunos, professores, funcionários e encarregados de educação). Na verdade, a equipa Eco-Escolas tem como objectivo a implementação de um projecto que é um contributo para o de Desenvolvimento Sustentável. Esta equipa prioriza o progresso desta instituição de ensino quer a nível académico quer a nível ambiental. De facto, é necessário saber harmonizar e conciliar a vertente social, ambiental, ecológica, económica e cultural, pois só assim se conseguirá evoluir de forma racional. É precisamente esta uma das tarefas que a nossa equipa (Eco-Escolas) tem em mãos.
Eu, enquanto membro do projecto, sinto que evoluí bastante com as actividades desenvolvidas e a as iniciativas em que participei, pois tudo isto me ajudou a compreender o quão é necessário e urgente Agir e Salvar o Planeta. Na verdade, tal como se costuma dizer, muito frequentemente, bastam pequenos gestos para fazer uma grande diferença, por isso é necessário que comecemos por esses mesmos “pequenos gestos”, em detrimento de outros “perigosos gestos”, que ameaçam o equilíbrio Planetário.
Cátia Cunha Ferraz, nº7, 11ºC